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Palavra Pastoral

Rev. Sandoval S. Magalhães

Comprometidos com Cristo, Frutifiquemos(João 15:2,8)

Introdução. A Bíblia trata do relacionamento de Deus com o seu povo por meio de imagens. Uma metáfora clássica a respeito desse relacionamento é a imagem da vinha e do vinhateiro. No Antigo Testamento, a “videira” é um símbolo bem conhecido da nação de Israel, o povo da aliança de Deus. O texto de Isaías 7-5:1 fala do fracasso de Israel em produzir “frutos” como a videira de Deus. Sempre que o Israel histórico é referido sob essa figura, enfatiza-se o fracasso da videira em produzir bom fruto.


No Evangelho de João capítulo 15, Jesus utiliza a metáfora da vinha, tendo como pano de fundo esse recurso encontrado nas passagens de Isaías e Jeremias onde o povo de Israel é retratado como uma vinha, para ilustrar sua relação com os crentes. No entanto, Jesus inverte essa imagem, apresentando-se como o tronco da videira verdadeira, enquanto o Pai é o Jardineiro e os crentes são os ramos.


Aqui, em contraste com o fracasso de Israel, Jesus fala de Si mesmo não apenas como uma videira, ou mesmo como a videira, mas como a verdadeira videira. Ele afirma: Eu sou a videira verdadeira, isto é, aquela para quem Israel apontava, aquela que produz bom fruto. Jesus, em princípio, já havia substituído o templo, as festas judaicas, Moisés, vários lugares santos; nesse ponto, ele substitui Israel como o próprio local do povo de Deus. A videira verdadeira não é, portanto, o povo apóstata, e sim o próprio Jesus, e aqueles que são incorporados a ele.


Jesus emprega a imagem de uma videira para descrever o novo relacionamento que Seus discípulos estão prestes a desfrutar com Ele e com o Pai. Nosso Senhor é a “videira”; os incrédulos são os ramos infrutíferos, enquanto os crentes são os ramos frutíferos. As uvas são o “fruto” que Deus produz em e por meio dos santos, à medida que eles extraem sua vida e força da “videira”, o Senhor Jesus Cristo. E Deus Pai é o jardineiro, que cuida da videira, removendo os ramos mortos e purificando os ramos vivos. Vejamos as lições ensinadas na parábola.


1)
A necessidade de estar ligado à videira. Nessa imagem da videira a palavra chave é permanecer, usada onze vezes em João 11-15:1. Com isso Jesus mostra a necessidade de os crentes permanecerem unidos a Ele como fonte de vida e frutificação. Essa unidade é moral, mística e espiritual. A união mística com Cristo, ilustrada pela união entre o pastor e as ovelhas, a cabeça e o corpo, o noivo e a noiva, o fundamento e o edifício que encontramos em outras passagens, recebe aqui agora uma nova imagem, a videira e os ramos. Trata-se de uma união orgânica, vital, profunda. É uma união orgânica, uma comunhão frutífera onde Cristo nos alimenta e nos torna frutíferos. Por meio do batismo, somos enxertado na Videira verdadeira e viva.


Essa passagem bíblica nos convida a refletir sobre o fundamento de nossa vida. Em quem estamos verdadeiramente enraizados? Assim como os ramos de uma árvore precisam da seiva vital do tronco para florescer, nossa vida espiritual depende de Jesus, o alicerce da nossa fé. Só em Cristo podemos viver uma vida autêntica, amar sem condições, testemunhar com coragem, evangelizar com paixão e exercer dons espirituais com humildade. Uma vida centrada em Cristo é a única que pode refletir a glória de Deus de maneira autêntica.


2)
O alerta contra a esterilidade espiritual. Na alegoria, há dois tipos de ramos: alguns não dão frutos e alguns dão frutos. Aqueles que não dão frutos não estão cumprindo seu propósito. Eles são madeira morta. Eles são cortados e jogados no fogo. Eles representam aqueles que professam crer em Jesus, mas suas vidas não dão nenhuma evidência de fé salvadora. Eles não dão frutos. No contexto, isso se referiria a Judas Iscariotes, que professou crer, seguiu Jesus por três anos e saiu pregando em Seu nome, mas cujo verdadeiro deus era a ganância.


Sempre houve, e sempre haverá, aqueles que fazem parte da igreja visível, conformando-se externamente à conduta esperada dos cristãos, porém sem nunca terem se ligado a Cristo de fato. Esses tais são ramos que não produzem frutos, e não produzem porque não tem uma ligação real com o Senhor. Que essa ligação é apenas aparente fica claro logo adiante: “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará” (Jo.15:6).


A advertência de Jesus em no verso 2, “Todo o ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta”, revela que, embora alguns ramos possam parecer ligados à videira, na realidade, não há uma conexão viva e orgânica. A seiva da vida não flui do tronco para esses ramos, indicando que, apesar da aparência, eles não estão verdadeiramente unidos a Cristo.


Um crente que não produz fruto não pode ser um cristão verdadeiro, ou seja, sua ligação com Cristo é apenas aparente. Eles estão ligados a Cristo apenas por um ritual ou pela membresia em uma igreja, sem jamais ter nascido de novo. São pessoas que não têm a graça de Deus no coração. A união delas com Cristo é nominal, e não real. Têm o nome de que vivem, mas estão mortas. Onde não há fruto, não há vida.


3)
A necessidade de dar frutos. O ponto principal da passagem é a fecundidade. O que Deus, o jardineiro, quer cultivar é fruto. Ele quer ver você dar fruto. Dar fruto não é algo que os ramos fazem porque se esforçaram muito. O fruto se desenvolve porque a Videira é verdadeira e o jardineiro é bom. O fruto vem porque o ramo está conectado à Videira. A seiva vem da Videira para o ramo, tornando-o frutífero. Só podemos dar frutos se estivermos conectados a Jesus. “Eu sou a videira… sem mim, nada podeis fazer”, diz Jesus. Não damos frutos espremendo-os para fora de nós mesmos, mas porque somos extensões da Videira. O Espírito Santo cria o fruto em nós.


Quando Jesus fala sobre frutos, a que ele está se referindo? A resposta está em Gálatas 23-5:22, onde o apóstolo Paulo lista as características do fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Esse é o fruto que Deus busca em você. Os ramos não vivem de seus próprios frutos porque são para outra pessoa. Os ramos vivem da Videira. Deve haver algo da vida da Videira em nós se pertencemos a Deus! Deve haver semelhança com Cristo. Deus busca certas atitudes, comportamentos, hábitos e virtudes em você. O fruto que Deus procura é a própria vida de Cristo trabalhando em nós. Assim como a Videira transmite a seiva vital para seus ramos, Cristo é a fonte de vida para seu povo. Enquanto a conexão permanecer, haverá fruto espiritual como resultado.


4)
A necessidade da poda. Além de estarmos ligados à videira, precisamos ser podados, cuidados e tosquiados para crescer e produzir mais frutos. Quem faz essa poda é Deus Pai, o lavrador, que nos ajuda a eliminar o que é inútil e a crescer em fé e frutificação. Isso nos ensina que Deus deseja que cresçamos espiritualmente e que a poda, embora às vezes dolorosa, é para o nosso benefício.


Assim como a seiva da videira pode ser interrompida, impedindo que os galhos produzam frutos, há coisas que podem bloquear o fluxo da vida de Cristo em nós, tornando-nos galhos mortos e infrutíferos. Os podadores de Deus estão atentos para remover esses galhos mortos. Em Gálatas 21-5:19, Paulo lista os pecados que podem se tornar galhos mortos em nossas vidas, impedindo-nos de produzir frutos para Deus. Esses pecados incluem: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias” Esses são os galhos mortos que precisam ser removidos para que possamos produzir frutos para Deus.


Dê uma olhada profunda dentro de si mesmo, e você descobrirá dentro de si todos os tipos de males, que o farão murchar se forem permitidos rédeas soltas. A fé murcha, como aquele galho cortado de sua fonte de vida. A fé não morre necessariamente imediatamente. Ela apenas seca e murcha.


Precisamos ser podados se quisermos dar o fruto do Espírito. As tesouras de poda de Deus são a Lei pela qual Ele confronta nossos desejos e ações pecaminosas. A poda pode ser dolorosa. Temos galhos mortos que precisam ser cortados. O crescimento virá quando Deus nos podar. Quando Deus o confronta com sua Lei, ele não é um estraga prazeres mesquinho e vingativo. Não, Ele está pensando em sua saúde espiritual a longo prazo. Deus está desfazendo os efeitos do pecado em você. Ele quer que você se arrependa. Paulo diz logo após o fruto do Espírito, “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.”


Conclusão

Jesus quer que cada um de nós sejamos frutíferos, que vivamos uma vida de virtude cristã, que vivamos livremente em Seu perdão. O Pai quer encontrar em você, muitas uvas suculentas e doces. A coisa mais importante é você estar vivendo na intimidade de Cristo. É para a glória de Seu Pai que devemos dar frutos, muitos frutos. Que nossas vidas sejam cheias de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, e que sejamos seus discípulos, confiando nele na vida, na morte. Nós somos ramos; Ele é a Videira. Nele, somos frutíferos.

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