1ª Igreja
PRESBITERIANA
CONSERVADORA
de Guarulhos
Palavra Pastoral
Rev. Sandoval S. MagalhãesNo Mundo Sem Ser Do Mundo Cumprindo Nossa Missão (João 26-17:1)
O mundo tem exercido uma influência negativa sobre a vida das pessoas que tem afetado o modo de pensar, falar, sentir, vestir e se relacionar de cada uma delas. Quando falo de mundo refiro-me ao sistema maligno e organizado sob sob Satanás, que opera através de pessoas incrédulas que se opõem a Deus. O apóstolo João afirma: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1º João 5:19). Jesus falou do mundo odiando tanto a Ele como aqueles que O seguem (João 19-15:18 ;7:7) “Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más”. O mundo opera com base em pensamentos, atitudes, motivos, valores e objetivos ímpios. Não procura promover a glória de Deus ou submeter-se ao Seu senhorio. É nesse sentido que não devemos amar o mundo.
Há uma grande guerra sendo travada no mundo espiritual e muitas vezes não percebemos o que esta acontecendo. Quais são os métodos mais usados pelo inimigo nesta guerra? Basta analisar com senso crítico as mensagens que têm sido insistentemente veiculadas dentro de nossas casas por meio de filmes, sites, novelas, músicas e tantas outras coisas, que muitas das vezes incitam a violência, o roubo, a maledicência, o homossexualismo, a prostituição, os adultérios e as rebeliões. Se cedermos a essas influências, seremos semelhantes ao mundo e deixaremos de cumprir o propósito para o qual Deus nos chamou.
Na sua oração sacerdotal, registrada em João 26-17:1, Jesus fez dois pedidos fundamentais em favor dos discípulos: 1) Que eles fossem guardados do mundo (17:14). Pelo mundo odiar os seus discípulos, então ele pede para que sejam guardados para não serem tragados pelo mundo. Demas, tendo amado o mundo, abandonou a fé (2º Tm 2-4.10) Que eles fossem guardados do maligno (17:15). O maligno é um inimigo real. Ele entrou em Judas e o levou pelo caminho da morte. Paulo diz que ele cega o entendimento dos incrédulos (2º Co 4.4). Também ele diz que devemos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef. 6:11). E Pedro afirma que o diabo anda ao nosso redor buscando a quem possa devorar (1º Pe. 5:8). Paulo pede que não lhe ignoremos os desígnios (2ºCo. 2:11).
O grande desafio da nossa geração é saber como confrontar o mundo e permanecer firme. Como viver na contramão dessa realidade imoral e perversa. Como remar contra essa maré carregada de perversões. O nosso tema este ano focará exatamente nesse desafio: No Mundo sem ser do Mundo Cumprindo a nossa Missão. Aqui na oração de Jesus aprendemos duas verdades com relação ao nosso chamado para estar no mundo sem, contudo, fazer parte dele:
I. Como crentes devemos estar no mundo, como Jesus estava nele - Devemos nos relacionar com o mundo como Jesus o fez. Observe três coisas:
1) Jesus estava no mundo, não isolado das pessoas mundanas – Os fariseus dos dias de Jesus pensavam que para ser santo era preciso evitar todo contato com pecadores. Então eles ficaram chocados quando Jesus escolheu um cobrador de impostos chamado Levi (Mateus) como um de seus apóstolos e depois foi a um jantar onde Levi convidou todos os seus amigos notoriamente pecadores (Lucas 32-5:29). Outra vez, um fariseu chamado Simão convidou Jesus para jantar em sua casa. Uma conhecida mulher pecadora entrou sem ser convidada, ungiu os pés de Jesus com suas lágrimas e um pouco de perfume, e secou Seus pés com seus cabelos (Lucas 50-7:36). Simão ficou chocado. Ele pensou que se Jesus fosse um verdadeiro profeta, Ele não deixaria que tal mulher o tocasse. Mas a filosofia de Jesus era “ Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes” (Lucas 5:31). De que adianta um médico que nunca atende pessoas doentes? Então Jesus era conhecido como um amigo dos pecadores (Mt. 11:19). Se queremos ser como Jesus, também precisamos estar no mundo, não isolados de pessoas pecadoras.
Mas antes de sair para fazer amizade com pessoas
mundanas, uma palavra de cautela é necessária. Paulo advertiu (1º Co. 15:33):
“Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” Então, como
fazemos amizade com pessoas mundanas e pecadoras sem sermos corrompidos? A
resposta está na segunda maneira que Jesus estava no mundo
2) Jesus estava no mundo com uma missão divina –
Jesus veio a este mundo com um propósito claro: dar testemunho da verdade (João
18:37) e buscar e salvar o perdido (Lucas 19:10). João repetidamente enfatizou
isso ao dizer que Jesus foi enviado ao mundo (João 17:18): “Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” O Pai enviou Seu Filho ao
mundo com a mensagem da salvação pela fé Nele (João 18-3:16). Ele nos envia com
a mesma missão.
A missão de Jesus está por trás de Sua oração no
versículo 19: “Por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam
santificados na verdade”. Santificar significa separar algo para o uso pretendido
por Deus. No Antigo Testamento, os animais sacrificados tinham que ser
santificados ou separados antes que pudessem ser mortos e oferecidos a Deus. Em
oração, Jesus aqui está se separando para a cruz. Sua missão era que, como
resultado de Sua morte. Seus discípulos fossem separados na verdade. D. A.
Carson explica: “Jesus se separa para realizar sua obra redentora na cruz, a
fim de que os beneficiários dessa obra possam se separar para a obra de
missão”.
Portanto, a maneira de ser amigo dos pecadores sem
ser corrompido por eles é mantermos o foco em nossa missão. Nosso objetivo é
avisá-los amorosamente do julgamento que está por vir e contar-lhes as boas
novas do Salvador (1º Pe. 6-4:1). Mas, não devemos esperar que eles nos recebam
como também recebam a nossa mensagem de braços abertos! Isso leva à terceira
maneira que Jesus estava no mundo.
3) Jesus estava no mundo ciente de que teria
oposição – Estar no mundo e ainda ser distinto dele porque você se apega à
verdade bíblica resultará em hostilidade do mundo. Jesus ora (João 17:14), “Eu
lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do
mundo, como também eu não sou”. A palavra de Deus, como Jesus diz (João 17:17),
é verdade. O mundo pode nos tolerar se diluirmos a verdade. Mas mesmo se
dissermos graciosamente, se proclamarmos a palavra de Deus como a verdade
absoluta e inflexível para todas as pessoas, pegaremos a hostilidade do mundo.
No minuto em que você disser que determinado comportamento é errado, você será
acusado de ser intolerante e crítico (preconceituoso ou homofóbico). Se você
for ao mundo esperando ser popular e querido, terá um rude despertar. Por todos
os meios, esteja no mundo como Jesus estava nele. Mas vá com uma atitude
realista: você não será bem recebido por todos.
II. Como crentes devemos ser distintos do mundo como
Jesus era distinto dele
Duas vezes (João 17:14b,16) Jesus declara: “porque
eles não são do mundo, como também eu não sou”. Na primeira vez, Ele está
explicando por que o mundo odiará seus seguidores. Na segunda vez, ele está
dando a razão pela qual ele pede ao Pai que os guarde do maligno. A ênfase
repetida mostra que devemos ser distintos do mundo como Jesus era. Consideremos
cinco coisas aqui.
1) Ser distinto do mundo é o caminho para a alegria genuína – Jesus ora (João 17:13), “Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos”. A santidade pode ser mais difícil a curto prazo, mas sempre resulta em alegria e prazer duradouros. Como Davi exulta (Sl. 16:11), “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”. Aqui, Jesus ora para que sejamos santos ou distintos do mundo para que possamos experimentar a plenitude de Sua alegria. A alegria de Jesus era a comunhão ininterrupta com o Pai e o prazer de fazer a vontade do Pai (João; 4:34 8:29). Para ser distinto do mundo, você deve ter em mente que a santidade é o caminho para a alegria genuína e eterna, não o caminho para privá-lo da diversão.
2) Para ser distinto do mundo, devemos ter uma
origem separada – Jesus não era deste mundo porque Ele veio de cima. Não somos
deste mundo porque nascemos do alto pelo Espírito Santo (João 8-3:1). O novo
nascimento nos separa do mundo que não conhece a Deus. Através do novo
nascimento, temos uma nova natureza que deseja agradar a Deus. Temos um novo
Mestre, nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Temos um novo poder para vencer
o pecado, o Espírito Santo que habita em nós. Temos um novo propósito na vida,
glorificar nosso Salvador em tudo o que fazemos e contar aos outros as boas
novas de Sua salvação. Temos uma nova identidade como povo de Deus, membros do
corpo de Cristo, a igreja. Temos um novo destino; estaremos no céu com nosso
Senhor por toda a eternidade. Então a questão crucial é: você nasceu de novo?
Deus mudou seu coração e seus desejos? Você confiou em Jesus Cristo e em seu
sangue derramado como sua única esperança na vida e na morte?
3) Para ser distinto do mundo, temos que desenvolver
uma mentalidade separada que vem da Palavra de Deus – Em João 17:14, Jesus ora:
“Eu lhes tenho dado a tua palavra”. Novamente no versículo 17, Ele ora:
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” E novamente no versículo
19 Ele ora “para que eles mesmos sejam santificados na verdade”. Jesus diz que
a palavra de Deus nos santificará ou nos separará do mundo para o propósito de
Deus. Se você é mundano ou piedoso é principalmente uma questão de como você
pensa. Dentro Romanos 12:2, Paulo nos diz como não ser mundanos: “E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”
Nossas mentes são transformadas e renovadas à medida que as saturamos na
palavra de Deus para que pensemos biblicamente sobre toda a vida.
4) Para ser distinto deste mundo, temos que viver em
obediência à Palavra de Deus – Conhecer a Palavra de Deus é fundamental; você
não pode obedecer ao que não conhece. Mas conheço muitos cristãos que conhecem
a verdade, mas não a obedecem. A aplicação pessoal é sempre o objetivo do
estudo bíblico. Ao ler e estudar a Palavra, sempre pergunte: “E daí?” Como esta
Escritura se aplica à minha vida? Preciso mudar minha maneira de pensar?
Preciso mudar minha atitude? Minha fala agrada a Deus e edifica os outros?
Existem hábitos pecaminosos que eu preciso destruir? Existem qualidades de
caráter piedoso que eu preciso desenvolver? Preciso ajustar minhas prioridades
e mudar minha programação diária? Preciso ser um melhor mordomo dos recursos
que Deus me confiou? Tornar-se uma pessoa obediente e piedosa está relacionado
à nossa missão de testemunhar a verdade de Cristo. J.C. Ryle comenta: “A vida
santa é a grande prova da realidade do cristianismo. Os homens podem se recusar
a ver a verdade de nossos argumentos, mas não podem evitar a evidência de uma
vida piedosa”.
5) Para ser distinto deste mundo, temos que perceber
que estamos em território inimigo – Jesus ora (João 17:15), “Não peço que os
tires do mundo, e sim que os guardes do mal”. Isso pode ser traduzido como
“livre-os do mal”, mas o artigo definido indica que Jesus estava se referindo a
Satanás, o maligno. Pedro avisa (1º Pe. 5:8), “Sede sóbrios e vigilantes. O
diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém
para devorar”. No contexto, Satanás está especialmente rondando quando você está
passando por provações difíceis. É quando você precisa estar em alerta
especial, resistindo a ele sendo firme em sua fé. Também, isso se relaciona com
nossa missão de testemunhar a verdade. O próprio Pedro sucumbiu ao ataque do
inimigo quando negou a Cristo três vezes na noite da prisão de Jesus (Lucas
22:31). Mas felizmente, por causa da graça de Deus, Pedro foi restaurado e Deus
o usou para pregar poderosamente no Dia de Pentecostes, resultando na salvação
de 3.000 pessoas.
Concluímos
afirmando que ao viver uma vida semelhante à de Cristo, sua vida fará uma
grande diferença na vida de outras pessoas. Por isso, faça diferença neste
mundo corrompido buscando anunciar as outras pessoas o evangelho da graça. Não
importa as oposições que você terá que enfrentar. Não esmoreça! Permaneça firme
em seu propósito! Mesmo vivendo em meio a muitas perseguições, o apóstolo Paulo
afirmou: “Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos, foi-me
concedida esta graça de anunciar aos gentios as insondáveis riquezas de
Cristo.” (Efésios 3.8)